Re: Dilma Rousseff o José Serra
D-Nox;803232 said:
As bolsas são benéficas independente de quais forem. Na dinamarca por exemplo, ao completar 18 anos, os jovens ganham uma bolsa do governo de U$1000 por mês, que teoricamente deveria ser usada para os estudos. A grande maioria dos jovens dinamarqueses usa essa bolsa para viajar mas isso não significa que a oportunidade não foi dada. Cabe a cada um usar o benefício como bem entender. Os acomodados não irão muito longe, mas os que investirem e procurarem o caminho certo irão ser beneficiados com a oportunidade. Fora isso, o bolsa família nada mais é do que a unificação dos benefícios:
- Bolsa Escola;
- Cartão Alimentação;
- Auxilio Gás;
- Bolsa Alimentação.
Portanto não é certo dizer que a bolsa escola era mais efetiva, pois ela está incorporada no bolsa família. Ou seja, para receber o benefício as crianças da familia devem estar matriculadas na escola.
Se for pra fazer como bem entender, eu conheço gente que gastaria tudo em pinga. Você provavelmente também conhece. Educar não significa somente botar na escola, e considerar isso é um erro gravíssimo da população brasileira. Quem aqui estudou sabe que escola ensina uma base científica, mas não ensina um nada sobre questões do dia-a-dia. Aulas de cidadania e filosofia foram as mais ridículas possíveis na minha época. E é fato que muita gente não tem apoio ou estrutura familiar pra receber esse tipo de educação, coisa que vai perdurar durante muito tempo da vida. Não é uma questão de ensinar como o viver valoroso aristotélico é bom pra vida, é uma questão de educar as pessoas de modo que essa cultura atual brasileira, perpetuada através dos anos pela intolerância e segregação social, está errada. Educar as pessoas a enchegarem um futuro, planejarem um futuro, terem metas e cumprirem essas metas, agirem socialmente, tanto pró-ego quanto pró-social; e isso influencia num leque de relações indíviduo-meio gigantesco. E nós sabemos muito bem que o MEC tá preocupado com a escolinha que ensina o moleque a fazer a tabuada mas tá cagando pro fato que a escola não ensina pro moleque o que que ele pode fazer com isso.
Outra, é que não adianta estar matriculado numa escola para receber a chamada "educação". Eu tive alunos quando peguei uma designação de sexta série por uns dias que não sabiam ler ou escrever. E eu não pude fazer absolutamente nada, isso é outra área da "educação". E ai é outra forma de perpetuação de uma cultura totalmente segregada e mal preparada, mal educada em vários significados pra educação, forma criada pelo MEC. É o que eu chamo de balança mas não cai. Os professores de escolas públicas são obrigados a dar notas pros alunos, mas também são obrigados a passar todos os alunos.
Tem aluno que se forma no ensino médio sem saber assinar o próprio nome.
Quanto ao preconceito, o que eu fiquei bobo de ver, foram as pessoas no twitter dizendo que o Nordeste é o câncer deste pais, entre outras coisas absurdas. Aqui mesmo nesse tópico tem um idiota desse falando ai em cima.
Não cheguei a ver algo assim no tópico, e tá muito grande pra procurar. Se você diz é porque tá ai... E isso é triste, considerando que no meio artístico por exemplo, nenhum estado tem tantas bandas musicais boas quanto Pernambuco. Nenhum estado tem um movimento cinematográfico/cinéfilo/"cinelogo" (não sei uma palavra pra definir o estudo do cinema) tão forte quanto o Pará. E por ai vai.
Quem falou isso por ai prova que a ignorância tá presente em indivíduos, não em classes sociais (coisa que tá sendo falada mais pra baixo).
E para mim, o mapa do analfabetismo enfatiza mais ainda a necessidade que há no país de mais um governo de esquerda.
Não necessariamente. O foco do partido de esquerda é o povo. Mas isso não quer dizer que o foco do partido de direita não seja.
Seguindo o extremismo onde a direita só quer saber de capital, vamos criar uma alegoria onde o país é uma máquina e o povo são as engrenagens.
Pode se considerar que a máquina não produz efetivamente se as engrenagens não trabalham bem. Se as engrenagens estão quebradas, enferrujadas, não estão lubrificadas, não estão bem encaixadas, a máquina tem um defeito que pode até inutilizá-la.
Então, mesmo no extremismo da direita do capital, o povo é um ponto importantíssimo na evolução do país. O povo é que vai gerar o capital do monstro elitista, e se o povo não está bem encaixado, lubrificado, se está quebrado ou enferrujado, isso não acontece. A máquina quebra.
E é claro, nem todos os partidos de direita são extremistas do capital (algum(s) pode(m) até ser).
Os pobres são a primeira camada social a sentir as mudanças na economia do país e por isso sabem melhor do que ninguém em quem votar.
Pro bem deles ou pro mal, quem sente a mudança primeiro são as camadas mais altas, principalmente se estiverem em contato direto com a área da economia que sofreu a mudança. Depois o resto sente.
Agora - e eu acho que você quis dizer isso - quem sente com mais intensidade com certeza são os pobres. Pro bem ou pro mal.
Como eu ja disse aqui antes, o voto do pobre hoje em dia não é nada ideológico e sim concreto. O pobre vota em quem muda a sua vida.
Ai já entra um sistema complexo. O povo pode até votar em quem muda a sua vida, mas... será que o outro mudaria mais? Melhor?
Saber melhor do que ninguém em quem votar, só sabe quem está sendo votado. Os eleitores votam em quem
acham que é melhor pra ser eleito. Porque não adianta comparar águas passadas com águas futuras, nem adianta dizer que um candidato é mentiroso só porque o outro diz. Se é pra confiar numa palavra, confia-se na de quem? Na de quem diz que fez ou na de quem diz que o outro não fez? A partir daí, cada um apresenta provas. Um de que fez, o outro de que não fez. Mas o impasse continua. Muitas vezes os fatos não são claros ou conhecidos, muitas vezes existem "fatos" que contradizem outros "fatos". Em primeira instância, o voto parte do interesse pessoal. Quem pode fazer o que por mim? E, a partir daí, considerando as outras variáveis da equação, acaba caindo no julgamento de valor: Quem parece estar dizendo a verdade? Quem parece ter boa índole? Em quem vou acreditar?
É de considerações assim que nasce a famosa "Cogito ergo sum".
PS: É muito importante, nesse assunto, considerar também a manipulação da industria cultural e dos meios de comunicação. E isso tem tudo a ver com ideologia.
Outro erro grotesco é pensar que hoje em dia, dinheiro ainda é sinônimo de conhecimento. No Brasil hoje nós temos uma quantidade absurda de milionários completamente toscos e ignorantes.... muitos nunca sequer leram um livro. E essas pessoas são consideradas a "elite" do país, quando em termos de cultura e sabedoria, não passam nem perto disso.
Uma coisa que pode ser considerada é a categoria de que dinheiro possibilita uma "educação" melhor. Ainda naquela idéia de "educação" do MEC. Mas isso que você diz é verdade. Não só milionários, todas as classes estão sujeitas à ignorância ou à genialidade.
Uma outra questão, "ler livros" não significa cultura ou sabedoria. Também não significa o contrário. Do mesmo modo, "não ler livros" não significa não ter cultura ou sabedoria, nem significa ter cultura ou sabedoria. Pensa em livros na minha fala como uma alegoria pra coisas consideradas como intelectualizadas, provedoras de sabedoria e/ou de boa cultura. Pra exemplificar outra categoria alegórica, música.
O Funk representa uma cultura e um campo de sabedoria, do mesmo jeito que a MPB, por exemplo. Harry Potter representa uma cultura e um campo de sabedoria, do mesmo jeito que Rimbaud. O Cristianismo representa uma cultura e um campo de sabedoria, do mesmo jeito o Xíbipíio dos Pirahã.
O que muda são os valores.
Um belo exemplo é a Barra da Tijuca no RJ. É o maior centro de nouveau-riches do estado, quem sabe até no país. Gente ignorante e sem cultura. E o bandido do Serra ganhou de 69% a 31% no bairro. Ou seja, é mais um erro achar que o voto na Dilma é um voto ignorante.
Ahem... Desde quando posse de dinheiro ou nouveau-riches = ignorância e aculturalismo? E de onde vem a informação que quem não votou na Dilma foi por achar que era um voto ignorante? Cada um vota por seus motivos, seja o motivo que você colocou ou não, né?
Esse comentário seu foi meio cabuloso...